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De volta ao passado ou ao futuro?

Atualizado: 6 de jul. de 2020

Pandemia do novo coronavírus expôs as mazelas das sociedades e impõe ao mundo rever suas ações e projetar mudanças


Texto Débora Nascimento para Revista Continente | 01 de Junho de 2020



Em texto para a Revista Continente, do 01 de Junho de 2020, Débora Nascimento trata do modelo civilizatório, a autora conversou com Cris Pankararu, confira a matéria completa clicando no link. A seguir um trecho da interlocução com a indígena:




“Aqui está todo mundo atemorizado, tentando fazer de tudo pra se manter em quarentena”, revela a antropóloga Cris Pankararu, que se encontra no território indígena em Pernambuco, onde foi confirmado um dos dois primeiros casos da Covid-19 em indígenas no estado.


Cris Pankararu. Foto divulgação


“Um problema recente é a questão do acesso a esse auxílio emergencial, que faz com que as pessoas saiam de suas casas, porque a necessidade é grande, as famílias numerosas. Um valor como esse, R$ 600, para muitas pessoas pode ser pouco, mas é a tábua de salvação para muitas famílias. Aí começa esse entra e sai na aldeia. E também os municípios aqui demoraram a decretar quarentena. Existem medidas de acompanhamento, de policiamento, de entrada e saída, para impedir que esse mal chegue por aqui”,

afirma Cris, que é representante indígena pelo Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI) no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, do Ministério do Meio Ambiente, desde 2017.


Para a antropóloga, os hábitos indígenas não se enquadram dentro da medida de isolamento social recomendada pelas entidades médicas. “A gente tem que estar junto, a gente sempre anda ‘de mói’. Está sempre andando em bando. E no Amazonas também é assim. Então, um indígena nunca sai sozinho do seu território, está sempre acompanhado. Primeiro, porque tem medo de sofrer algum tipo de agressão, e aí não tem quem peça ajuda; segundo, pra ajudar a impedir alguma coisa, ou ir atrás de alguma coisa, levar alguma coisa pra aldeia, nunca está sozinho. Por isso também essa incidência está aumentando”, explica.


Para ela, os indígenas também deveriam estar listados no grupo de risco da Covid-19. “Pela baixa imunidade, por outros hábitos, pela distribuição geográfica, por todos esses problemas. Então, foi uma iniciativa nossa começar um movimento de impedir visita de parente, de ficar em casa, de fechar as aldeias, de cobrar EPIs e testes rápidos, porque se essa doença chegar nos povos indígenas, dizima uma população. Os povos precisam trafegar nos rios, como na Amazônia. Alguns vão precisar se deslocar de barco ou de helicóptero, enfim, o que seja. É muito longe. De barco, é de uma semana a mais navegando. Quer dizer, é o tempo que, se a pessoa tiver alguma complicação, vai morrer no trajeto.”


As comunidades, com essas atitudes independentes, contribuem para não agravar o quadro do sistema de saúde pública, que já está colapsado em vários estados, devido ao aumento da quantidade de casos graves e mais o longo tempo necessário para a recuperação, que, dura, no mínimo, três semanas. Essa situação de insegurança e medo está levando a população ao desespero. Em Belém, um dia antes da abertura do Hospital Aberlado Santos, destinado a tratar a doença, várias pessoas tentaram abrir à força o portão. Logo em seguida, um homem, que estava com sua esposa passando mal dentro do carro, derrubou a estrutura de ferro com o automóvel em alta velocidade. Outro vídeo, que circula na internet, mostra uma mulher sendo expulsa de um ônibus na Bahia a empurrões e pontapés, porque, segundo o post, tossiu sem máscara.


Por conta do colapso no sistema de saúde pública e das regras impostas para escolher qual paciente poderá ter direito a um respirador, já há uma campanha pela fila única, que abrangeria hospitais públicos e privados, pois há suspeitas de que os particulares ainda tenham leitos disponíveis e estejam negando atendimento – não há transparência nesses números. O Conselho Nacional de Saúde fez um anúncio em favor da implantação da fila única, no dia 22 de abril: “O CNS recomenda ao Ministério da Saúde e às Secretarias Estaduais de Saúde que procedam à requisição de leitos privados, quando necessário, e sua regulação única a fim de garantir atendimento igualitário durante a pandemia. A expertise brasileira acumulada na regulação dos transplantes pode ser expandida e adaptada para a realidade da Covid-19”. Foi assim que aconteceu na Itália e na Espanha. Na Inglaterra nem existe essa discussão, porque o sistema é público.


Confira a matéria completa clicando aqui.

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